Resolvi tomar vergonha e estou lendo As Institutas da Religião Cristã, tida, creio que universalmente, como a principal obra do reformador francês João Calvino. Sempre tive um certo problema com isso: ser um calvinista que nunca leu as Institutas.
Em Agosto de 2005 comprei uma edição abreviada desse livro, Ensino Sobre o Cristianismo, publicada pela PES. Foi uma leitura de grande importância para mim. Antes disso eu havia ganho uma edição em inglês de meu avô (que por sinal não é cristão – Deus trabalha como quer e não há nada que o impeça). Naquela época fui vencido pelo inglês muito rebuscado e essa edição ficou na prateleira mesmo, esperando na fila enquanto eu lia outras coisas.
Durante um bom tempo aguardei o lançamento de uma nova edição das Institutas em português (a edição antiga era difícil de achar e, por conta da tradução quase que direta e literal do latim, mais difícil ainda de ler), sempre recebendo notícias de que o Rev. Odayr Olivetti estava trabalhando em uma tradução a partir do francês. Em julho de 2007 comprei essa edição, edição especial com notas para estudo e pesquisa, publicada pela Editora Cultura Cristã, e comecei a ler. Porém, por conta do mestrado e de outras coisas, acabei deixando ela na fila também. Agora estou no meio da leitura.
Quando digo “no meio”, digo quase que literalmente. A edição em questão é dividida em 4 livros, o que, aliás, é muito prático: Institutas é um calhamaço de impor respeito, e leva-la inteira na mochila seria um pouco complicado. Desse jeito só preciso levar um quarto, o que é muito melhor. Há algum tempo, no segundo semestre de 2008, li quase todo o livro 4 por conta de minha dissertação. Agora estou no início do livro 2. Assim sendo, posso dizer que já li praticamente metade das Institutas!
Institutas não é um bicho de sete cabeças. João Calvino é uma daquelas pessoas que pouca gente leu, mas de quem todos gostam de falar, geralmente mal. O livro é na verdade uma benção: a erudição e principalmente a piedade (definida pelo próprio Calvino como “temor do Senhor”) estão presentes em cada linha. Embora existam momentos em que Calvino aborda questões teológicas e filosóficas um pouco distantes de nosso dia a dia, o grosso do livro é uma exposição bíblica que, além de fiel, é familiar para qualquer cristão que ame as Escrituras.
Acredito que o assunto que mais se destaca até aqui é a soberania e o amor de Deus. Embora em momento algum a teologia de Calvino tire do homem sua consciência e sua responsabilidade como indivíduo, o livro destaca que “sem Deus nada podemos fazer”. O Deus que Calvino encontra é justo, santo e terrível para o pecador. Mas é também amoroso, nos escolhe, nos salva de nossa natureza pecaminosa e está sempre preocupado conosco. É um Deus que prepara boas obras para que andemos nelas e num gesto de bondade para além de toda compreensão nos retribui como se essas boas obras fossem nossas! Espero no futuro poder discorrer com mais calma a respeito de algumas questões relacionadas a isso.
É uma benção realmente poder ler as Institutas. A benção de ser lembrado a respeito desse Deus que realiza em nós essa maravilhosa obra de salvação.
terça-feira, 23 de março de 2010
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